28 de abril de 2014

Os rios que aqui banhavam ou...“tá rindo de quê”?


A frequência ao Curso de Educação Ambiental promovido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte tem me proporcionado momentos significativos para minha formação como agente ambiental e, ainda, possibilitado vivenciar situações muito particulares para reflexões sobre os temas correlatos. Reflexões e outras elucubrações como a que me veio à mente quando me deparei com a cena da primeira foto deste texto. Caro leitor, me diga: quem merece ver em um curso d´água, que deveria ser despoluído, uma iluminada cara sorridente, estampada em uma sacola plástica recheada de lixo? Foi inevitável encarar a sacola e perguntar? "E aí, tá rindo de quê?"

Durante a realização do “Módulo Água” tivemos a oportunidade de realizar duas travessias: uma pela Bacia do Ribeirão do Onça e a outra pela Bacia do Ribeirão Arrudas (Córrego do Cercadinho), promovendo leituras ambientais de cursos d'água e através da observação in loco, conhecer iniciativas governamentais e de mobilização social a favor das águas.

BACIA DO ONÇA
A bacia do Onça ocupa parte do município de Contagem e toda a região norte de BH, numa extensão de 36,8 Km e uma área de 212 Km². 
Conta-se muitas histórias curiosas a respeito do seu nome. Uns dizem que foi por causa de um senhor bravo feito uma onça que vivia em suas margens. Outros dizem que foi por causa das onças pintadas que existiam na região. Também há quem diga que foi por causa da onça, uma antiga unidade de medida de peso que pesava o ouro extraído no ribeirão. Esse tempo áureo passou, o nome ficou, mas o fato é que a construção das cidades de Belo Horizonte e Contagem fez toda a bacia do Onça se transformar. Hoje as onças pintadas não vivem mais por lá e nem existe ouro no ribeirão. Infelizmente, o que podemos observar são intensos conflitos ambientais e sociais. Vemos também a ocupação das margens dos cursos d'água, lançamento de esgotos, de lixo e de resíduos poluindo as águas do Ribeirão, afetando a qualidade da vida não apenas na sub bacia do Onça, mas também em outras áreas da Bacia do Rio das Velhas.

Os vários córregos e seus afluentes que formam esta bacia são responsáveis pela formação da Lagoa da Pampulha – cartão postal da capital mineira. Depois da barragem, com o nome de ribeirão Pampulha , segue seu caminho recebendo outros córregos, quase todo encoberto. Às margens da Via 240 passa a seguir em canal aberto, encontrando outros córregos, incluindo os Córregos Isidoro e Santinha que tivemos a oportunidade de visitar. 

No encontro do Ribeirão Onça com o Córrego Isidoro, no bairro Ribeiro de Abreu, conhecemos o octogenário Sr. Thomas de Oliveira. Morador local , ele protagoniza junto com a comunidade, uma história de luta pela revitalização e preservação do “Córrego da Santinha”, um riacho de 3.300m de extensão.











Como resultado das várias ações promovidas por eles, ali já foi realizado um trabalho pela COPASA para retirada de todo o esgoto que era lançado no curso do córrego, contribuindo assim para despoluição parcial das águas do Santinha. Esse feito merece ser registrado e o mérito creditado ao incansável ambientalista Sr. Thomas que com seu exemplo nos inspirou a apurar nosso olhar critico e seguir acreditando nas possibilidades de mudança.

A Bacia do Onça segue seu curso também, e mais à frente deságua no rio das Velhas , este que foi um dia , navegável e hoje se vê assoreado e poluído.Triste realidade a ser lamentada e que precisa ser alterada. 

BACIA DO RIBEIRÃO ARRUDAS
Em nossa segunda travessia, visitamos a Bacia do Ribeirão Arrudas percorrendo áreas cuja canalização de córregos fizeram surgir avenidas sanitárias na contramão da tendência mundial que é renaturalização dos cursos d´água. Belo Horizonte, desde sua fundação, altera seus cursos d´água, construindo ruas e avenidas, promovendo a impermeabilização da cidade, modificando o clima, aumentando o risco de ocorrência de inundações e alagamentos, propiciando o aumento na frequência de riscos de desastres. Ao longo do percurso passamos pelos córregos do Acaba Mundo, Leitão, dos Pintos e Piteiras, todos cobertos por vias e mapeados com áreas de risco de alagamento na Carta de Inundação elaborada pela PBH em 2009. 

O Córrego Cercadinho corta o município de Belo Horizonte no sentido oeste-leste, integrando a bacia do Ribeirão Arrudas, afluente direto do Rio das Velhas/bacia do São Francisco. Suas nascentes estão localizadas próximas a BR 040, compreendidas na Área de Proteção Especial (APE) Cercadinho. Trata-se de um córrego de grande importância para o município, por ser um dos mananciais. As intervenções no Córrego Cercadinho tiveram início no ano de 1710, com o bandeirante João Leite Ortiz, proprietário da fazenda do Cercado, por onde passava o córrego e que fez doações de partes da fazenda dando início à ocupação do lugar. No final do Sec XIX este córrego foi escolhido para abastecimento de água da cidade, pela equipe de Aarão Reis, responsável pela instalação da capital. As ocupações sem planejamento, nas décadas de 60 a 80, trouxeram problemas de poluição para o córrego, por descarte de lixo e esgoto. 

O Córrego do Cercadinho tem a maior parte do seu curso em leito natural e está em processo de revitalização, tendo sua nascente no bairro Olhos D´água e sua foz no bairro Salgado Filho. A travessia começou pela foz e seguindo o curso foi possível ver locais em obras de implantação de interceptores de esgoto, plantio de árvores nas margens, mas ainda algum esgoto sendo jogado no córrego e o belo resultado da luta dos moradores pela recuperação do lugar, que conta com o apoio do Projeto Manuelzão. 

A travessia terminou no lugar de captação de água do Manancial  Cercadinho, gerenciado pela COPASA. integrante do sistema Morro  Redondo, que contribui pra o abastecimento de Belo Horizonte. O local conserva mata ciliar, com microclima mais frio e úmido, mais agradável e mais bonito, mostrando a importância da preservação de nossas águas para um maior qualidade de vida e bem estar. Uma condição que certamente nos proporcionaria  apropriar do sorriso do rosto sorridente da sacola, aquela que hoje eu sinto que está rindo de mim.
Foto: Myra Morena
Fontes: Cartilhas: Projeto valorização das Nascentes Urbanas Ribeirão Arrudas e Ribeirão Onça.
            Relatos escritos pelos alunos do XXVIII BH Itinerante.

3 comentários:

  1. maria la cibilizacion es lo que tiene, por aqui se estan cocienciando de todo esto ahora pero tenemos los rios fatal y por badajoz pasa un gran rio de españa , donde de pequeños nos bañabamos, ahora es imposible y me da pena que no tengamos conciencia, espero que surta el efecto que quereis y podais disfrutar de esos parajes, besssssssssssssssss

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  2. HOLA, COMO STAS... INTERESANTE TU BLOG, ME ENCANTO..¡ TE FELICITO.
    AHORA TE SIGO, TE INVITO A QUE ME VISITES Y VEAS LO QUE YO HAGO, SERAS BIENVENIDA SIEMPRE..
    BESOS, ABRAZOS Y BENDICIONES.
    ZHOBEYD@.

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  3. Bem interessante!!
    Beijinhos
    Maria

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